Jovens Protagonistas na Prevenção da
Violência e na Igualdade de Género
A
violência, nomeadamente a de género, e particularmente a doméstica, é
reconhecida quer pelas instâncias nacionais e
internacionais, quer pela investigação científica, como um grave
problema social, um flagelo que põe em causa o cerne da vida em sociedade e a
dignidade da pessoa humana. Pelas suas causas e consequências devastadoras,
impede o progresso da justiça social, dos valores democráticos e do
desenvolvimento sustentável implicando elevados custos económicos relativos a
gastos orçamentais de organizações públicas e privadas, de instituições do
Estado, pagos por toda a sociedade.
Este
grave problema encontra-se diretamente ligado à construção e atribuição de
diferentes e desiguais papéis sociais de homens e mulheres, que resultam em
assimetrias quanto a oportunidades, direitos e deveres. Ainda nesta linha de
raciocínio, entendendo-se que a violência se aprende através dos processos de socialização
de género, e na medida em que a cultura patriarcal tem vindo a promover os
binómios mulher-afetividade versus homem-agressividade, encontramos pertinência
pedagógica na desconstrução dos estereótipos e das práticas violentas e na
promoção e produção de novas práticas sociais e novas atitudes assentes no
respeito mútuo e na igualdade. Desta forma, a intervenção pedagógica precoce
com crianças, adolescentes e jovens tem-se mostrado eficaz na promoção de uma
comunicação assertiva e de atitudes de respeito, justiça e solidariedade.
Nos
últimos anos temos vindo a assistir a uma mudança na forma de pensar a
violência na escola, ou seja, tem vindo a ser analisada do ponto de vista em
que a colocam como um problema educacional, seja pela sua emergência dentro da
própria comunidade escolar – violência entre pares – seja pela consciência das
relações que se estabelecem entre a violência na escola e o comportamento
social. A escola pode assumir-se, pela sua missão, como um local privilegiado
para a aprendizagem e implementação de uma cultura de paz, contribuindo para a
igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. Uma ação
educativa precoce, com base num programa de prevenção primária, prevê
resultados práticos na mudança de valores, comportamentos e atitudes.
Promover
comportamentos que visem reduzir, ou mesmo erradicar, a violência de género e
trabalhar a igualdade afigura-se como um processo educativo. O objetivo
primordial visa a consciencialização e conscientização das crianças e dos/as jovens
sobre a sua sociedade e cultura e empoderá-los/as para a participação como
cidadão(s) e cidadã(s), envolvendo mudanças de comportamentos, condutas,
sentimentos, valores, atitudes, experiências, discursos, práticas,
representações e ações.
O Art’themis+
Jovens Protagonistas na Prevenção
da Violência e na Igualdade de Género é um projeto que a UMAR está a
realizar em parceria e com a subvenção da Secretaria de Estado para a Cidadania
e Igualdade e da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG). Este projeto vem no seguimento do
Art’themis que foi implementado entre
dezembro de 2014 e agosto de 2016 nos distritos de Braga, Porto e Coimbra e
estará agora em curso, entre setembro de 2016 e dezembro de 2017, nos distritos
de Braga, Porto, Coimbra e Lisboa.
Assim, o
trabalho de parceria entre a UMAR e
o Agrupamento de Escolas de Prado consistirá
na realização de um trabalho continuado de prevenção da violência e da promoção
da igualdade de género, nesse contexto de educação, durante o ano letivo de
2016/2017.
Para a sua
implementação, técnicas/os do projeto dinamizarão
15 sessões, em média, de 60 minutos, em cada uma das turmas selecionadas. Estas sessões terão sobretudo lugar no
âmbito da disciplina de Formação Cívica,
nas turmas do 5º A, 5º B, 5º C e 5º
D que iniciaram este projeto e no horário
livre em grupos de continuidade das turmas
do 6º B e 9º C.
O programa
dirigir-se-á às crianças e às/aos jovens, sendo desenvolvido, acompanhado e
avaliado pela equipa deste projeto, pela direção do agrupamento, por docentes
da escola, pelos/as encarregados/as de educação e pelo/a psicólogo/a da escola
onde se tentará trabalhar as naturalizações e causas da violência nas
diversas esferas da sociedade (casa, rua, escola, recreio, estádio...); os
estereótipos, atitudes e comportamentos de violência; assim como as
representações e expetativas que estão no cerne das relações de poder e das
atitudes de violência.
Além dos objetivos específicos definidos
para cada sessão, existem quatro grandes resultados que esperamos alcançar e
que, articuladamente, poderão dar uma contribuição singular para o sucesso
académico e educativo das crianças e das/os jovens, uma vez que promovem e
potencializam o bem-estar e o sucesso educativo dos/as alunos/as e da escola:
1. Consciencializar e conscientizar as crianças e as/os jovens das múltiplas
relações de poder e de violência no seio das relações interpessoais;
2.
Identificar assuntos e comportamentos agressivos e provar que este são
ineficazes no desenvolvimento de uma relação saudável;
3.
Mudar comportamentos no sentido em que as crianças e jovens encontrem
estratégias e competências para interagir de forma mais assertiva sem recorrer
à violência;
4.
Articular a problemática da violência nas suas múltiplas dimensões e
variantes com as questões da realização da igualdade e dos direitos e com o
reconhecimento da heterogeneidade social em todas as esferas da vida.
Este projeto tem como
técnica responsável a psicóloga Tatiana Mendes, que ao longo de 15 sessões
trabalhará de forma dinâmica e consistente com as turmas temas como os Direitos
Humanos, a Violência, a Igualdade de género, a Justiça, etc…”construindo” ao
longo do percurso uma manifestação artística sobre alguma das temáticas
abordadas.
No final do ano, tal como
nos anos anteriores, os alunos participarão e apresentarão os seus trabalhos
num Seminário final, a realizar no Porto e que contará com escolas
representativas dos distritos do Porto, Braga e Coimbra.
Equipa PES/GAAF
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