Na manhã de sábado, dia 4 de Outubro, as II Jornadas Pedagógicas TEIP foram reatadas com um momento musical, a cargo de 4 alunas do 7ºB orientadas e acompanhadas pelo prof. Manuel Monteiro, numa alusão artística à passagem de Sá de Miranda por estas terras do concelho de Vila Verde.
O primeiro orador do dia foi o Doutor Paulo André, coordenador EPIPSA (Equipa de Projetos de Inclusão e Promoção do Sucesso Educativo) da Direção Geral de Educação, que referiu algumas das particularidades das escolas TEIP e apontou algumas pistas que nos poderão ajudar a encontrar e melhorar o percurso que estamos a fazer enquanto instituição, na procura de melhor eficácia, capaz de responder aos desafios que nos são diariamente apresentados. Reforçou a necessidade de refletir e agir para preparar o futuro e para tal é necessário avaliar o passado e conhecer muito bem o presente. É para esse bom conhecimento do presente que os relatórios TEIP são úteis, tal como os planos de melhoria são importantes para preparar o futuro. Conhecer o presente é também conhecer o que os outros fazem (rede de escolas TEIP), conhecer as possibilidades existentes e fazer opções. Será também importante conhecer a nossa realidade para perceber como agir preventivamente, para evitar ações remediativas que condicionam a nossa sustentabilidade, pois não nos podemos esquecer que o TEIP não será eterno e que nós, escola, teremos que procurar e encontrar soluções eficazes, acreditar nas capacidades dos nossos colaboradores e nas potencialidades dos nossos alunos e alcançar a melhoria dos nossos resultados.
Em seguida foi a vez da Doutora Mª José Casa-Nova, docente da Universidade do Minho, que é também a perita externa que acompanha a nossa equipa TEIP, fazer uma comunicação sobre "a relação pedagógica e os poderes na sala de aula". Dissertou sobre macro e micro-poderes, dos poderes dos professores e dos poderes dos alunos e abordou a relação pedagógica enquanto "relação de poder". Conduziu-nos através de uma reflexão sobre os significados de aluno, de professor, de relação pedagógica e de escola. Concluiu relembrando-nos que na sala de aula e na escola não devemos privilegiar o autoritarismo mas sim uma autoridade democrática, assumindo a relação pessoa-pessoa como primordial face à relação professor-aluno e que a coerência entre o que se diz e o que se faz é sempre imprescindível.
Na parte da tarde , numa sessão que tinha como principal público-alvo os pais e EE, não foram esses que na generalidade responderam à chamada, mas sim os docentes, técnicos, assistentes técnicos e operacionais, bem como alguns representantes das associações de pais e alguns (poucos) pais que não quiseram desperdiçar esta oportunidade de debater assuntos que poderiam contribuir para um melhor acompanhamento escolar dos seus filhos...
Na primeira intervenção, o Doutor Pedro Silva, docente da escola superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, abordou o tema "Relação Escola -Família: em busca de uma relação ideal?". Caracterizou essa relação como complexa, multifacetada e mesmo com possíveis efeitos perversos, uma reflexão pouco comum no nosso quotidiano escolar. Dissertou sobre os diferentes actores sociais envolvidos, os diferentes interesses em jogo e a resultante incerta que daí pode advir. Focou a necessidade de, nessa relação Escola-Família, cada um dos actores salvaguardar as suas competências especificas e que a cooperação necessária só se aprende cooperando, trabalhando nesse sentido, contornando obstáculos e que esse é o desafio permanente com que nos deparamos.
Em seguida a Doutora Ariana Costa, docente na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação na Universidade do Porto, abordou a "Gestão de conflitos na escola e na sala de aula" . Iniciou a sua comunicação com um enquadramento histórico , referindo Comenius e a sua Didáctica Magna e reforçando a ideia de que o "nó" que envolve a relação da escola e da família não é fácil de desatar... Caraterizou a escola como espaço de autoridade moral e ética e referiu que os conflitos existentes não são por si só problemáticos, pois tal como diz Piaget, uma relação conflitual pode ser promotora de curiosidade e de desenvolvimento. Os conflitos obrigam a leituras contextualizadas sobre o seu impacto , a sua origem e o modo como se revelam e torna-se indispensável distinguir quais os que necessitam, ou não, de uma intervenção.
Sistematizou ainda diferentes visões sobre "o conflito", os princípios pedagógicos inerentes e as respostas preconizadas por cada um deles e evidenciou a correlação positiva que existe entre os conflitos de carácter comportamental e os conflitos ao nível da aprendizagem. Falou dos vários níveis de indisciplina que podem ocorrer na escola e rematou dizendo que considera a Escola como uma instituição com imenso potencial de transformação e um local de construção ... e nessa construção, os professores devem assumir a sua responsabilidade de construir, como refere o tema das Jornadas...
Para terminar foi dada voz aos alunos, ou melhor, a ex-alunos deste Agrupamento. Pedro Viana e Paula Martins partilharam com a assembleia algumas recordações dos seus percursos escolares e, de uma forma mais emotiva ou mais racional, espelharam a sua relação com a Escola e realçaram a importância que a mesma teve no seu desenvolvimento e crescimento enquanto cidadãos .
Foi no sentido de tornar esta escola, que faz parte integrante das nossas vidas, cada vez melhor e mais capaz de responder eficazmente aos desafios que lhe são colocados, que estas Jornadas foram organizadas e dinamizadas e creio que estão de parabéns todos quantos se empenharam e investiram tempo, trabalho e dedicação na sua concretização.
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