As crianças estão de novo a ter aulas a partir de casa — uma situação difícil para todos, mas em especial para pais e cuidadores, que tentam gerir e conciliar a vida familiar com o teletrabalho. A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) publicou um documento com novas dicas para estudar em tempo de pandemia, a pensar especialmente nos pais.
É importante reconhecer que o
novo confinamento é “uma situação difícil para as crianças e adolescentes, mas
também para os pais e cuidadores”, salienta a OPP, no documento publicado esta semana. A associação
profissional explica que é natural que os pais se sintam ansioso e
preocupados “sem saber exatamente o que fazer e como ajudar as crianças e
adolescentes”.
Por isso, a OPP aconselha que se
muna de “tolerância e muita flexibilidade”, para depois tentar seguir algumas
das dicas que propõem. O PÚBLICO partilha os cinco conselhos úteis.
Ver o lado positivo
Pode parecer clichê, mas a OPP
sugere que todos os dias se lembre que o isolamento é por uma boa causa, para
conter a propagação do vírus. Estar em casa contribui decisivamente para manter
a própria segurança e a de todos. Além disso, relembram, o confinamento é uma
oportunidade para passar mais tempo em família e estar mais próximo das
crianças e adolescentes.
Por outro lado, é preciso
compreender o impacto que esta situação tem nos mais novos e as dificuldades em
estudar à distância. Por isso, a OPP aconselha a manter-se tranquilo e calmo,
“ainda que lhe possa parecer difícil” e “tente gerir a sua ansiedade”.
Não está sozinho, mas precisa
de tempo a sós
Não exija demasiado de si próprio
ou das crianças e adolescentes e lembre-se que não está sozinho nesta situação.
A Ordem dos Psicólogos aconselha que partilhe as suas preocupações com outros
pais, amigos e familiares.
Ainda que não esteja sozinho é
importante, ainda assim, encontrar tempo para si próprio — para descansar e
relaxar.
Gestão de expectativas
Quanto ao teletrabalho, é
fundamental ter expectativas realistas quanto ao seu nível de produtividade. A
OPP relembra que com crianças mais novas, “não espere trabalhar muitas horas
durante o dia”. Já com os mais velhos, pode precisar de alguma flexibilidade de
horários, de forma a acompanhar as tarefas em que eles precisam de si.
Aproveite para trabalhar durante
os períodos de sesta dos mais pequenos ou depois das crianças irem para a cama.
Se precisar de trabalhar à noite, estabeleça, todavia, um limite de horas de
trabalho, de forma a manter as horas de descanso adequadas.
Recorde-se também que é um pai e
não um professor. “Tem a responsabilidade de ser pai/cuidador, mas não assuma a
responsabilidade de ser professor/educador de infância”, alerta a Ordem dos
Psicólogos.
Organize uma rotina de estudo
e lazer
Construir um horário semanal com
tempo dedicado ao estudo, ao lazer, ao relaxamento e às redes sociais, pode
ajudar a manter a paz e harmonia na família. Os fins-de-semana devem ser
sobretudo dedicados ao descanso e ao lazer.
Todos em casa devem ser incluídos
no horário, adaptado às rotinas e necessidades de cada família. A OPP sublinha
que é fundamental “incluir e respeitar os momentos de pausa”. Deixe os miúdos
escolherem o que querem fazer nesse intervalo e preparem uma tômbola de atividades.
Por isso, sempre que possível, as
zonas de estudo e zonas de lazer devem ser diferenciadas. O sofá fica reservado
para os momentos de lazer e a cama para a hora de dormir. Já o espaço para
estudar deve ter uma mesa e uma cadeira e ser iluminado. A OPP aconselha também
os pais a consciencializarem os filhos para a importância de limpar, organizar
e arrumar o espaço da escola.
Acompanhe e promova o estudo
autónomo
Os pais devem acompanhar o estudo
dos filhos e ser como tutores, “que mostram o caminho, ajudam a motivar, dão
exemplo e apoiam no cumprimento dos objetivos”, orienta a OPP. É normal que os
mais novos se sintam assoberbados com a quantidade de recursos, materiais e
plataformas novas às quais têm de aceder. Ajude nesse aspeto e relativize
quando as crianças não conseguirem cumprir todas as exigências.
A OPP lembra que “quantidade não
é qualidade”. Não adianta cumprir uma lista enorme de tarefas, se depois os
conhecimentos não estiverem consolidados. Mantenha, por isso, um contacto os
professores ou educadores de infância, sempre com objetivo de promover, ainda
assim, a capacidade de auto-regulação.
É fundamental que não se
intrometa demasiado e deixe que os adolescentes façam uma gestão autónoma do
estudo e do método de estudo. No caso dos mais novos, ajude-os a dividir e
orientar as tarefas, mas dando-lhes sempre autonomia. Fazer uma lista de
tarefas, por ordem de importância, pode ajudar.
Fonte: Público
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