Procuremos conhecer melhor a realidade portuguesa ... no que diz respeito à gravidez na adolescência ...
Gravidez na Adolescência
autora: Rosa Maria Rodrigues do Centro Hospitalar do Porto
INTRODUÇÃO
Habitualmente
pouco pacífica, a adolescência constitui uma fase de desenvolvimento
caracterizada por profundas transformações a nível físico, psicológico,
afectivo, social e familiar.
A progressiva maturação
fisiológica é normalmente acompanhada pela súbita descoberta de novas
relações e experiências, de ordem afectiva e sexual, muitas vezes
geradoras de intensos conflitos. Estes sentimentos devem-se
frequentemente a uma desarmonia entre o desenvolvimento corporal, sexual
e mesmo intelectual e a aquisição de maturidade emocional.
Preocupada
com a imagem corporal e o estabelecimento de relações cada vez mais
projectadas para o exterior da família a adolescente manifesta
importantes carências informativas relativamente à sexualidade,
contracepção e risco de gravidez.
INCIDÊNCIA
A
gravidez na adolescência é um fenómeno universal, tendo as suas origens
no passado, existe connosco no presente e, se não for prevenida,
continuará no futuro.
A incidência da gravidez na adolescência é variável consoante os países e as épocas.
A
verdadeira incidência deste fenómeno é difícil de conhecer porque em
termos estatísticos unicamente são contabilizadas as taxas de natalidade
que, como sabemos, só representam uma pequena parte do número de
gravidezes.
Portugal é o segundo país da Europa Ocidental a
registar maior número de grávidas adolescentes, muito embora na última
década se verifique um decréscimo. Todos os dias doze adolescentes dão à
luz em Portugal.
FACTORES DE RISCO
A
gravidez na adolescência não é um fenómeno novo. Encontram-se grávidas
adolescentes em todos os estratos sociais, contudo parece ser mais
prevalente nas classes mais desfavorecidas.
Constituem
factores de risco o abandono escolar, o baixo nível de escolaridade da
adolescente, companheiro e família, a ausência de planos futuros, e a
repetição de modelo familiar (mãe também adolescente).
Outras
características são também associadas com a maternidade na adolescência
como o início precoce da actividade sexual, a baixa auto-estima, o
abuso de álcool e drogas, a falta de conhecimento a respeito da
sexualidade e o uso inadequado da contracepção.
A gravidez
na adolescência é sempre uma situação que motiva angústias e incertezas.
Contudo muitas vezes a adolescente tem orgulho em ter o filho,
funcionando a maternidade como auto-gratificação e auto-compensação
afectiva.
Dependendo do contexto social em que está inserida
a adolescente, a gravidez pode ser encarada como evento normal, não
problemático, aceite dentro das suas normas e costumes.
CONSEQUÊNCIAS
A
gravidez na adolescência, habitualmente mal vigiada, tem sido associada
á maior morbilidade materna e fetal podendo interferir negativamente no
desenvolvimento pessoal e social sendo considerada um problema de saúde
pública.
As complicações mais associadas com a gravidez na
adolescência são a pré-eclampsia, a anemia, as infecções, o parto
pré-termo, as complicações no parto e puerpério e perturbações
emocionais bem como as consequências associadas à decisão de abortar.
A
maior incidência de recém-nascidos prematuros e de baixo peso ao nascer
está relacionada com factores biológicos (imaturidade e ganho de peso
inadequado) e factores socioculturais como pobreza e estilos de vida
adoptados pelas adolescentes.
Alguns estudos, contudo, não
encontram diferenças significativas relativamente à gravidez e parto
quando se compara a adolescente com a população geral.
Embora
o número de gravidezes na adolescência tenha diminuído na última
década, torna-se necessária a promoção de programas que respeitem os
direitos sexuais e reprodutivos dos adolescentes, contribuindo desta
forma para a redução da incidência de abortamento e a reincidência da
gravidez nesta faixa etária.
No futuro que começa agora, compete à Família, à Escola e às Instituições de Saúde contribuir para a formação dos adolescentes.
nascerecrescer.hmp@chporto.min-saude.pt
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